Zoneamento de riscos climáticos para a cultura da soja

Amélio Dall’Agnol e Sérgio Luiz Gonçalves, pesquisadores da Embrapa Soja O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) estabeleceu o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC), com o objetivo de orientar o agricultor sobre a inconveniência de estabelecer determinada lavoura, em determinada região e em determinada época, baseado na probabilidade de ocorrência de condições climáticas…

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) estabeleceu o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC), com o objetivo de orientar o agricultor sobre a inconveniência de estabelecer determinada lavoura, em determinada região e em determinada época, baseado na probabilidade de ocorrência de condições climáticas adversas, identificadas pelas séries históricas do clima na região. O ZARC considera crítico, principalmente, quando esses fenômenos ocorrem nas fases mais delicadas de desenvolvimento das culturas; no caso da soja, a floração e o enchimento dos grãos.

Estação agrometeorológica instalada na Embrapa Soja

Além das características climáticas da região (volume e distribuição das chuvas, temperatura e evapotranspiração), o zoneamento considera, também, a capacidade de retenção de água do solo, a fenologia e as necessidades bioclimáticas limitantes da cultura.

O ZARC é uma importante ferramenta para a tomada de decisão quanto ao planejamento e execução das atividades agrícolas, indicando quando e onde se pode estabelecer com segurança determinada lavoura, considerando as características do clima e do solo da localidade, de forma a evitar que adversidades climáticas coincidam com as fases fenológicas mais críticas da cultura, minimizando, assim, as perdas de produtividade.

É notório que dadas as diferenças de altitude, de temperatura e regime de chuvas de determinada localidade, os riscos de perdas são distintos e isto é indicado pelo ZARC, que pode desrecomendar para fins de seguro agrícola, o cultivo de determinada lavoura em determinado local, evitando, assim, o desperdício dos recursos necessários para cobrir as perdas pela irregularidade climática.

O ZARC é revisado periodicamente, visto que, com o passar dos anos pode haver mudanças nos parâmetros utilizados, bem como nas características climáticas reinantes em uma determinada região, mudando seu status de viabilidade. Também, as condições climáticas podem alterar-se com o tempo.

O ZARC foi desenvolvido pela Embrapa e aplicado no Brasil pela primeira vez na cultura do trigo, safra de 1996. Atualmente, o mecanismo contempla 40 culturas (anuais e perenes) e está estabelecido em 25 estados, reduzindo a possibilidade de correr riscos desnecessários.

O ZARC não foi implantado com a finalidade de restringir a liberdade do produtor plantar o que desejar, quando e onde quiser. Mas deve por princípio orientar o planejamento da ocupação da área e melhor aproveitar as disponibilidades climáticas de cada região. Para uma área ser considerada apta ao cultivo da soja, vários outros fatores devem ser levados em conta. O ZARC busca apenas reduzir o risco de insucesso à exploração agrícola.

Alertar os agricultores sobre eventuais riscos de estabelecer uma lavoura de soja em zonas com alto potencial de ocorrência de condições climáticas adversas, é dever do poder público. É o que procuramos fazer.