Plantio de soja é liberado, mas seca mantém máquinas paradas em MT

Com falta de chuva e agricultores cautelosos, plantadeiras permanecem nos barracões das fazendas, em algumas regiões não chove há mais de quatro meses

O sinal já está verde para o cultivo da soja em Mato Grosso. Com o fim do vazio sanitário da cultura no último domingo, 15, os agricultores podem dar início ao plantio da oleaginosa. No entanto, na maioria das fazendas os motores dos tratores que puxam as plantadeiras continuam desligados. As máquinas estão prontas, mas seguem nos barracões.

A decisão de segurar o início da semeadura é reflexo do tempo seco. Não chove há mais de 4 meses em algumas regiões do estado. Com o terreno “no pó”, o cultivo é arriscado. Se solo não estiver com a umidade necessária, a chance de ocorrer problemas na germinação das sementes é grande. E isso, claro, significa prejuízo.

Na fazenda do agricultor Jader Bergamasco, em Campo Verde, o início do plantio dos 1.580 hectares depende apenas da ajuda de São Pedro. O produtor costuma semear a lavoura ainda na segunda quinzena de setembro, para que a soja esteja pronta para ser colhida em janeiro, garantindo assim a janela ideal para o cultivo da segunda safra de algodão. Apesar disso, não pretende lançar as sementes no chão sem que a umidade seja a apropriada. Bergamasco diz que há algumas safras ele fez isso e se arrependeu, diante dos impactos da falta de chuva na lavoura que havia semeado. De lá prá cá a estratégia foi investir no parque de máquinas, ampliando a capacidade de cultivo. Hoje possui três plantadeiras “grandes”, que conseguem juntas semear toda a área da fazenda em 5 dias de trabalho.

Cautela também é palavra de ordem para agricultor Cleverson Bertamoni. Ele vai cultivar ao todo 1.600 hectares de soja nesta safra, em fazendas localizadas em Nova Mutum e São José do Rio Claro, médio-norte de Mato Grosso. A estiagem nestes municípios já passa de 120 dias. Com as máquinas prontas para o plantio, mas estacionadas no barracão, o agricultor torce pelo retorno das chuvas e adianta que só irá lançar as sementes no chão quando chover o suficiente para garantir a umidade no solo, “entre 70 e 80 milímetros” calcula.