Setor de soja do país ainda vê restrições a caminhoneiros; portos operam normalmente

A indústria de soja, principal produto de exportação do país nos últimos anos, avaliou nesta segunda-feira que persistem problemas advindos da crise do coronavírus que limitam as viagens de caminhoneiros, responsáveis por transportar aos portos cerca de 50% da safra brasileira.

A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) disse, por meio da assessoria de imprensa, que continuam as paralisações de postos de serviços a caminhoneiros no interior do país, medidas essas impostas por municípios para combater a doença.

O fechamento de borracharias e restaurantes nos postos está “dificultando o transporte no nosso setor e ainda não vimos uma mudança desde que a portaria (que detalha os serviços essenciais) foi publicada pelo governo semana passada”, disse a Abiove, referindo-se a uma medida do governo para tentar resolver o problema.

“Caminhoneiro não quer fazer transporte de longa distância porque não sabe o que vai encontrar pelo caminho. Isso também está impactando no preço do frete”, acrescentou a associação, reiterando posição divulgada na semana passada, quando avaliou que o Brasil, ainda assim, conseguirá atender a demanda externa.

O mercado acompanha com lupa a situação no Brasil, já que o país, o maior exportador global de soja, está no pico de escoamento de sua safra, com a colheita em estágio avançado, já tendo sida realizada em mais de dois terços das áreas de cultivo.

Na última semana, representantes de outras cadeias do agronegócio chegaram a reportar problemas na entrega de mercadorias, como foi o caso da indústria de farinha de trigo. Isso em função de alguns bloqueios em municípios.

Após a publicação de uma portaria que estabeleceu, na semana passada, serviços e atividades ligadas à agricultura como essenciais, o setor avaliou que o transporte de produtos poderia ocorrer já sem limitações vistas anteriormente.

Consultadas nesta segunda-feira, a associação da indústria do trigo, Abitrigo, informou ter notado melhora no fluxo de mercadorias, assim como a entidade que reúne produtores de carne suína e de frango, a ABPA.

Se há algumas restrições para atendimento dos caminhoneiros nas estradas, os portos do Brasil, em contrapartida, estão operando normalmente e os fluxos de produtos agrícolas para o exterior também estão normais, disse a agência marítima Cargonave nesta segunda-feira, em boletim que atualiza clientes neste período em que medidas para combater o coronavírus podem atrapalhar as movimentações de mercadorias.

Já na vizinha Argentina os embarques de produtos agrícolas e agroindustriais estão enfrentando atrasos devido aos controles que o governo realiza a navios que ingressam nos portos, disseram nesta segunda-feira fontes do setor agroexportador.

(Por Nayara Figueiredo e Roberto Samora)