“Brasil vai continuar sendo o celeiro da China e do mundo”

Especialista não acredita que a competição com os Estados Unidos vá desaquecer muito as exportações brasileiras

O reaquecimento da demanda da China impulsionou as exportações brasileiras de soja em grão em março. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), os embarques somaram 11,6444 milhões de toneladas, alta de quase 34% em relação ao mesmo período de 2019.

Entretanto, o acordo comercial entre China e Estados Unidos segue no radar do agro brasileiro, que teme perder espaço nos próximos meses já que os asiáticos se comprometeram em comprar US$ 200 bilhões em produtos americanos, incluindo soja e carnes.

O presidente da Câmara de Comércio Brasil-China, Charles Tang, não vê grandes problemas no horizonte, mas admite que a competição com os EUA pode diminuir um pouco os embarques brasileiros. “Acredito que as exportações vão continuar aquecidas, temos uma ministra muito capaz que já foi à China negociar várias vezes. Talvez não continuem tão fortes, mas continuarão”, afirma.

O professor da Universidade de São Paulo (USP) Celso Grisi afirma que para evitar desabastecimento em meio à crise de coronavírus, os chineses devem comprar tanto do Brasil quanto dos Estados Unidos. “Temos vantagem de um dólar extremamente valorizado, que aumenta as margens dos produtores e tradings, além de favorecer estocagem a nível competitivo na China”, diz.

Com o petróleo em baixa puxando os preços das commodities como o milho e soja, Grisi não descarta que Brasil e Estados Unidos acabem disputando mercado, o que poderia causar um mal estar entre Donald Trump e Jair Bolsonaro.