Veja como a irrigação fez de Holambra o “celeiro paulista”

Uma tecnologia que antes era utilizada apenas para flores, transformou a região sudoeste de SP

Segurança no período de seca, aumento da eficiência dos produtos no solo, são apenas algumas das vantagens da irrigação na agricultura. A região de Paranapanema, mais precisamente no distrito de Holambra II, no sudoeste do estado de São Paulo, tem muito mais a dizer, foi a irrigação em grãos e cereais que tornou o local conhecido como ‘Celeiro Paulista‘.

Atualmente a região é responsável pela produção de 70% do algodão, 25% do feijão e trigo e 22% do milho e da soja colhidos no estado de SP.

Os primeiros contatos

Foi uma iniciativa do cooperativismo que levou o pivô central para outras culturas além das flores. Conforme contou ao Planeta Campo o produtor rural, Mário Van Den Broek, um dos pioneiros na irrigação de soja.

“O primeiro contato com a irrigação foi na Cooperativa Holambra, eles plantavam flores e víamos o pessoal irrigando e sobrava um pedacinho que irrigava trigo e soja, perecebemos que aquela parte produzia bastante. Daí pensamos que poderíamos fazer o mesmo com a soja, porque a região aqui é muito seca e tem muitos veranicos. Então começamos com irrigação de autoproprelido, em 1984″.

A chegada da irrigação

Irrigação

Green field with drip irrigation system hanging above it against blue sky

Segundo a presidente da Ctasi- Mapa, Priscila Silveria, no final da década de 80 os produtores começaram a perder a lavoura, com veranico de 15 a 20 dias, e viram a importância de buscar alguma  tecnologia que desse uma estabilidade para a produção.

“Daí conheceram a tecnologia de pivô central na região de Guaíra e partir disso introduziram na produção”.

Ainda de acordo com Priscila, após a visita os produtores voltaram encantados e de imediato criaram uma comissão para a compra dos pivôs centrais.

Irrigação e desenvolvimento

Além da eficiência na produção, na qualidade do produto, a irrigação levou para Paranapanema melhorias no desenvolvimento, como por exemplo o aumento do IDH e da sociedade como um todo.

A sustentabilidade da produção é outro ponto destacado por Priscila como diferencial da irrigação.  Na região são realizados pequenos barramentos que servem de reservatório de água para irrigação.

“Fazemos pequenos açudes nos quais captamos água da chuva no momento mais chuvoso do ano. Essa água acumula nesses reservatórios e é utilizada nos períodos mais secos, o que contribui para manter a vazão dos rios regular e para o ciclo hidrológico, uma vez que você capta a água mas ela ainda permanece naquela bacia”, explicou.

Pontecial do Brasil

Segundo a CNA, o Brasil tempo potencial de expandir a área irrigada sem comprometer outros usos dos recursos hídricos, por meio da tecnologia. Atualmente o Brasil possui 8 milhões de hecatres irrigados, com potencial para 55 milhões de hectares.

Plantio direto um aliado

Além de utilizar a irrigação de forma sustentável na região, em Holambra o solo também é foco de cuidado. Os produtores utilizam a prática do Plantio Direto, há pelo menos 30 anos.

Para o produtor Van Den Broek as  vantagens são inúmeras: reduz a chance de erosões eólicas, a perda de nutrientes por lixiviação e ainda acontece o armazenamento de carbono no solo.

Um estudo conduzido pela Embrapa comprovou que o uso de práticas agrícolas sustentáveis como Plantio Direto em áreas irrigadas é capaz aumentar o estoque de carbono no solo,  reduzindo o gás carbônico na atmosfera.