4 erros de manejo que impactam o teor de gordura do leite

A gordura é importante em toda a cadeia do leite. É importante para o rendimento industrial, uma vez que está diretamente relacionada com a produção de manteiga, cremes, queijos gordos e etc.

Em termos de preços, a gordura tem sido valorizada nos últimos dois ou três anos em nível mundial – incluindo o Brasil. Essa valorização de preços variou de 14% até 50% nos últimos três anos. Isso demonstra um novo interesse da alimentação humana em resgatar a gordura de origem animal, desmistificando a ideia de que a gordura é maléfica à saúde humana.

Além disso, a gordura é um indicativo de saúde do rebanho. Isso porque, uma vaca saudável tem alta produtividade com elevado teor de sólidos. Assim, além de beneficiar o laticínio, o produtor também consegue avaliar o seu rebanho e até receber bonificação pela gordura produzida.

Principais erros de manejo que impactam o teor de gordura do leite

Mesmo com todo o conhecimento científico sobre a formulação de dietas, é comum que a fazenda não tenha os resultados esperados ao utilizar aquela dieta, que seria a ideal. Isso porque, pode-se dizer que existem 3 dietas: a que é formulada, a que é oferecida ao animal e a que é consumida. Assim, se a dieta está formulada de forma ideal, mas não está gerando os resultados esperados, é provável que haja problemas na fabricação e fornecimento da dieta ou que os animais estejam selecionando na hora de comer.

Confira abaixo os principais pontos que podem influenciar esta situação:

1) Seleção de partículas

De um modo geral, as vacas saudáveis preferem o alimento concentrado. Assim, é comum ver vacas rejeitando as fibras e consumindo o concentrado, como na foto abaixo:

Isso pode resultar em fezes diferentes dentro do lote, especialmente quando há espaço menor de cocho o que facilita a competição entre os animais. Com isso, as vacas dominantes consumirão mais concentrado e as vacas não dominantes consumirão uma dieta diferente, pois comerão depois. Isso gera diferenças de desempenho com maiores ou menores riscos de acidificação ruminal.

O que facilita essa seleção de partículas?

– Nível de inclusão de fibras longas
– Teor de umidade da dieta (as vacas conseguem separar melhor dietas mais secas)
– Oferta de alimentos, pois rebanhos que ofertam mais vezes alimentos ao dia reduzem o índice de seleção das vacas
– Frequência de alimentação

2) Espaço de cocho reduzido

Rebanho com espaço de cocho reduzido, com menos de 60 centímetros de espaço de cocho por vaca apresentam maior risco de redução no teor de gordura do leite. Uma das teorias que explicam isso é que, com esse espaço reduzido, as vacas tendem a comer mais rápido, o que gera uma taxa de acidificação maior.

Isso também pode levar ao maior consumo das dominantes e maior seleção de partículas, como dito acima.

3) Falta de monitoramento do teor de matéria seca dos volumosos

De grande importância, porque dependerá muito da safra colhida e da forma de armazenamento, podendo variar bastante durante a semana. A quantidade de matéria seca dos volumosos altera a relação entre volumoso e concentrado, podendo predispor os animais a maior risco de acidificação ruminal. Dessa forma, a matéria seca precisa ser monitorada semanalmente.

4) Falha no fornecimento de conforto e ruminação

Conforto e ruminação são essenciais para a qualidade nutricional do leite. Uma forma de avaliar isso é ver o que as vacas que não estão desempenhando alguma atividade (comendo, bebendo água, sendo ordenhada) estão fazendo. O desejável é que estejam deitadas, ruminando.

Assim, é necessário ter conforto e características de dieta que proporcionem essa ruminação.

Além desses fatores relacionados ao manejo, há outros fatores fundamentais relacionados à nutrição das vacas que alteram a composição de sólidos do leite (gordura e proteína). Para ajudar você a compreender melhor e aplicar o melhor manejo nutricional visando maior quantidade de sólidos do leite, o EducaPoint traz para você o curso: Fatores nutricionais que afetam a composição de sólidos do leite.