China ainda precisa importar de 25 a 26 milhões de t de soja este ano

O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) informou uma nova venda de soja para a China nesta sexta-feira (7) de 456 mil toneladas. O volume é todo da safra 2020/21. Este é o terceiro reporte da semana e, no acumulado, são mais de 700 mil toneladas. Mas, o mercado em Chicago precisa de mais. Mesmo com o aúncio, as cotações seguiam operando em campo negativo, sem força para mudarem de direção. 

“As exportações norte-americanas de soja e de milho continuam medíocres na ausência de demanda asiática agressiva. Faltando apenas três semanas para o fim do ano comercial 2019/20 nos Estados Unidos, são necessários embarques de 6,4 milhões de toneladas do milho estadunidense para preencher as estimativas do USDA de um total de 45,09”, explicam os analistas de mercado da ARC Mercosul.

Além disso, segundo a Agrinvest Commodities, “esse volume faz parte dos rumores de mercado de ontem, quando traders reportaram que a China havia comprado um total de 12 barcos de soja nos EUA para para embarque entre outubro e novembro pelos portos do Golfo”, como explicam analistas de mercado da Agrinvest Commodities. 

A busca chinesa pela soja norte-americana vem crescendo frente à falta de produto no Brasil. A nação asiática vê sua necessidade crescendo muito intensamente com a recomposição dos planteis de suínos depois do surto da Peste Suína Africana e também frente a escassez de algumas outras alternativas para a produção de rações como outros farelos vegetais e o próprio milho. Somente no primeiro trimestre deste ano, as importações chinesas do cereal cresceram 27%. 

E justamente por isso é que os números das importações de soja da China em julho, mais uma vez, foram recordes. O país importou 10,09 milhões de toneladas no mês passado, contra 8,64 milhões de julho de 2019. O montante fica abaixo apenas do recorde de junho, quando as compras somaram 11,16 milhões. Os dados partem da Administração Geral das Alfândegas da China. 

No acumulado dos primeiros sete meses do ano, as compras chinesas de soja já somam 55,14 milhões de toneladas, 18% a a mais do que no mesmo período do ano anterior. Estimativas indicam que as importações do país alcancem o recorde para um ano de 96,5 milhões de toneladas. 

“O Brasil teve uma produção recorde de soja este ano, enquanto o real se desvalorizou. Os grãos brasileiros estão baratos e as margens de esmagamento são grandes, então os esmagadores fizeram compras muito ativamente”, disse Xie Huilan, analista da consultoria agrícola Cofeed à Reuters Internacional.

Além disso, a questão cambial promoveu ainda uma redução na despesa logística brasileira, aumentando a competitividade do Brasil frente aos EUA. “Uma logística interna de uma fazenda no Médio Norte de MT até dentro do navio dava US$ 90,00 por tonelada, quando o dólar estava a R$ 4,00. No pico, com esse dólar batendo nos R$ 5,90 / R$ 6,00, ela caiu para US$ 60,00. Ou seja, são US$ 30 por tonelada, praticamente US$ 1 por bushel, que ganhamos de competitividade no destino. É por isso que a soja americana está apanhando da brasileira”, explica Marcos Araújo, analista de mercado da Agrinvest Commodities. 

Complementando, Huilan afirmou ainda que a tendência é de que os estoques chineses da oleaginosa comecem a cair nos próximos meses diante da força da demanda. E em função disso, é de que as projeções são de que as importações da nação asiática continuem firmes também neste mês de agosto. 

“Os processadores continuam comprando agressiavemente, principalmente no Brasil – que é seu maior fornecedor – já que continuam garantindo margens de esmagamento bastante saudáveis”, dizem os analistas da agência internacional Bloomberg. 

No entanto, explicam ainda que essa migração da China para os EUA é momentânea e deve durar até que se comece a chegar a nova oferta brasileira, no início do próximo ano. Afinal, de acordo com uma estimativa da ADM (Archer-Daniels-Midland Co.),o país asiático ainda precisa comprar de 25 a 26 milhões de toneladas de soja este ano para estar adequadamente abastecida.