“China deve comprar tudo o que for ofertado pelo Brasil até 2023”

A desvalorização do dólar index ao redor de 10% no mercado mundial e a alta do yuan em quase 10% baratearam o preço da soja para a China, aumentando o apetite do país asiático, aponta a SIM Consult. “Na conta chinesa, isso é US$ 80 por tonelada mais barato do que as compras efetivadas em 2020”, afirma o sócio-diretor da empresa, Liones Severo.

Segundo o especialista, o país asiático deve comprar toda a soja ofertada pelo Brasil até 2023. “A China precisa tanto do milho quanto da soja para formação de estoque. É o quarto ano em que eles têm déficit na produção”, pontua.
Severo defende, ainda, que antecipar vendas de safras futuras pode não ser um bom negócio para o produtor. “Houve o esgotamento prematuro da safra brasileira e está havendo também o esgotamento da safra dos EUA, porque as exportações de milho estão 190% acima do mesmo período do ano passado e as de soja, 290%. É um fato que evidencia uma demanda muito forte. As informações que tenho é que de o consumo de ração aumentou na China. Naturalmente, com o barateamento das commodities alimentares chinesas, detona-se o processo na ponto do varejo de avanço do consumo”, diz.

O sócio-diretor da SIM Consult diz que o mercado caminha para um potencial de receita muito maior do que o registrado atualmente — algumas consultorias apontam negócios a R$ 100 por saca para entrega em 2022. “O movimento de alta não é único e pontual, ele vai perdurar por muito tempo, porque a China continuará comprando. Eles não estão comprando só os produtos, mas também a logística, porque os americanos têm limitações. Os EUA não conseguem embarcar tudo o que vendem”.

Tendência

De acordo com Severo, com a oferta soja de esgotando, o preço deve continuar subindo ante a escassez soberana. “Vai de encontro ao racionamento, que não vai existir, porque a indústria de biodiesel tem uma grande margem e pode pagar até mais pela soja”, diz.