Os solos do Arenito Caiuá, seus desafios e casos de sucesso com seu manejo no Sistemas de Integração Lavoura Pecuária e Florestas

Os solos da Formação Arenito Caiuá ocupam 3,1 milhões de hectares do Estrado do Paraná – 15% de seu território, distribuído em 107 municípios, sendo a região com o maior crescimento relativo em seu PIB na última década. Mas, é possível avançar ainda mais?

Esta importante parcela do território paranaense detém aproximadamente 40 mil  estabelecimentos agropecuários. Entre estes, 1,3 milhões de hectares são dedicados à produção pecuária e outros animais, 1,22 milhões de ha dedicados às lavouras temporárias, 511 mil ha dedicados à cana-de-açúcar, outros 57 mil ha à produção florestal plantada e 35 mil ha às lavouras permanentes.

E, as atividades desenvolvidas em sistemas de Integração Lavoura, Pecuária e Florestas – ILPF – desempenham papel importante e, adicionalmente, elas têm um enorme potencial para proporcionar o ambicionado crescimento econômico, podendo alavancar e protagonizar o desenvolvimento desta Mesorregião.

Contudo, nessa trajetória temos enormes desafios. O clima é quente no verão, com picos de temperaturas muito elevadas nos meses de janeiro e fevereiro. A região  também é sujeita a irregularidades no regime de chuvas nesse período. O seu inverno é normalmente seco, porém, ocorrem geadas ocasionais. Os seus solos, apesar de profundos, são arenosos e possuem baixos teores de matéria orgânica – que se decompõe facilmente, possuem baixa capacidade de retenção de água, também sendo frágeis e sujeitos à erosão. Exigem portanto, esforços e investimentos que permitam contornar essas limitações no seu uso.

Os pesquisadores, Jonez Fidalski do IDR-Paraná Iapar-Emater, e Edivaldo Lopes Thomaz da Universidade Estadual do Centro-Oeste – Unicentro, tem estudado os tipos de solos na sua topossequência – a sequência a partir do cume, em bacias hidrográficas no Noroeste do Estado. Onde é comum encontrar solos do tipo: Latossolo, Argissolo e o Neossolo Quartzarênico – nomenclatura do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos.

Eles utilizam simuladores de chuvas, coletam os sedimentos carregados pela água, calculam as taxas de carreamento, considerando a topografia e as condições climáticas da região, além do tipo e manejo dos solos, para avaliar o potencial erosivo. Destacam, que “As chuvas com a mesma intensidade, desenvolvem um potencial de erosão diferente em cada um desses solos”. Por exemplo, “aumenta dos Latossolos para os Argissolos e, depois é muito mais intenso nos Neossolos Quartzarênicos.

“Não se deve implantar um só tipo de cultura em toda a encosta de uma propriedade. É preciso respeitar a capacidade de uso desses solos, para que a atividade, seja agrícola e pecuária ou florestal seja sustentável ao longo do tempo”,  explica Fidalsk.

Além disso, Fidalsk e outros pesquisadores do IDR-Paraná (Iapar-Emater) e da Universidade Estadual de Maringá, tem estudado e encontrado solos arenosos com diferentes composições na granulometria da fração areia, influindo na disponibilidade de água no perfil, o que também acaba por determinar capacidades de uso diversas para os solos do Arenito.

Por outro lado, com a adoção de tecnologias de manejo e conservação de solos e água está sendo possível incrementar a produção de pastagens e a produção animal além de grãos, avançando sobre áreas menos produtivas – consideradas até então marginais, cuja capacidade de uso era limitada com padrão tecnológico tradicionalmente adotado, lembra o pesquisador Sérgio José Alves do IDR-Paraná, especialista em ILPF.

Um caso de sucesso que tem vencido enormes desafios desse tipo por Albertino Afonso Branco, Médico Veterinário e Produtor Rural – pecuarista de leite e produtor de grãos, que possui 96 ha (40 alqueires) no distrito de Guaiporã, em Cafezal do Sul – PR , que iniciou o processo de ILPF há uma década, em parceria com o sogro, Sr. Hélio Polo. Mantém vacas de cria para venda de bezerros, também possui florestas plantadas com eucalipto e, mais recentemente, ingressou na produção de frangos de corte.

Tininho como é conhecido, começou a plantar soja na região em 2013, em 24,2 ha (10 alqueires), com o acompanhamento de profissionais da Cooperativa Cocamar Agroindustrial. No início as produtividades não passavam de 50 sacas por hectare, enfrentando dificuldades com as secas e os veranicos.

O cultivo da soja que era visto como uma ferramenta para melhorar a fertilidade das áreas de pecuária, o que na época foi considerada “uma experiencia difícil no começo” segundo Tininho; foi sendo aperfeiçoado e permitiu – com o acompanhamento do Eng.° Agr.° Fernando Júnior Ceccato da Cocamar, que ele conquistasse o Prêmio oferecido pela Cooperativa no Evento Fórum de Produtividade dentro da categoria ILPF, por produzir 213 sacas por hectare (213 sacas por alqueire) em 2017.

E, ainda melhor, a lotação em seus pastos já ultrapassaram as 4 Unidades Animais – U.A. por hectare, proporcionando maior rentabilidade e estabilidade em todo o sistema da propriedade, apresentando um futuro ainda mais promissor à família, que se dedica com amor e muito trabalho a atividade agropecuária na Região do Arenito.

 “Com empenho da Equipe e dos parceiros, a Expotécnica.com tem se transformado numa plataforma digital, permitindo a todos nós difundir conhecimentos e abranger e envolver um público ainda maior”, descreve Luiz Marcelo Franzin – Coordenador da Expotécnica.com.