Procura por pescado cresce em todo o Brasil

Semana do Pescado pretende ampliar o acesso e a oferta de peixes e frutos do mar em várias capitais

Quem acha que o brasileiro só come pescado na Semana Santa e o Natal está enganado. A oferta de pescado per capita no Brasil (importações + produção nacional – exportações) chegou ao melhor patamar em oito anos: 9,04 kg/hab/ano, segundo estimativa do 5º Anuário Seafood Brasil para 2018. Atualmente o consumo global é de 20 kg/capita/ano, segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO/ONU).

Com a estratégia de diversificar o hábito alimentar de proteínas e estimular o consumo de todos os tipos de peixes, moluscos e crustáceos, o Instituto ProPescado promove, entre os dias 1º e 15 de setembro, a Semana do Pescado. Em sua 16ª edição, o evento acontecerá em diversas capitais do País e contará com ações que garantam o acesso da população a diferentes opções. “Sabemos que o brasileiro muitas vezes deixa de comer pescado porque acha o seu preço elevado. Mas há mais de 400 espécies comerciais para todos os bolsos e gostos que poderão ser encontrados durante e depois da campanha”, avalia Roberto Imai, diretor do Instituto ProPescado. “Por isso, estimulamos o envolvimento de toda a cadeia produtiva neste evento, desde pequenos produtores até as grandes redes de varejo”, explica.

Além disso, a iniciativa tem como objetivo ampliar o debate sobre a evolução brasileira neste que é o setor com maior faturamento entre todas as proteínas animais no mundo. Em 2018, o Brasil produziu mais de 800 mil toneladas de peixes e camarões em cativeiro, segundo a Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR) e a Associação brasileira de Criadores de Camarão (ABCC). Se somarmos a oferta estimada de 700 mil toneladas da pesca continental e marinha e a informalidade, a disponibilidade nacional de pescado chega a 1,5 milhão de toneladas. Já as importações representaram quase 360 mil toneladas no mesmo período. Assim, a produção nacional de pescado representa 82% da disponibilidade de pescado, enquanto apenas 18% do pescado consumido no Brasil vem do exterior. A tilápia segue como protagonista da piscicultura nacional, que atingiu 400 mil toneladas em 2018, segundo a PeixeBR.

A produção de camarão no Brasil também cresceu em 2018, chegando a 77 mil toneladas, 18% superior ao ano anterior. Outro pescado promissor é o atum, cuja pesca chegou a 54 mil toneladas no ano de 2017, segundo dados do anuário, representando um crescimento de 6% em relação ao ano anterior.

 Mitos e Verdades sobre Pescado

Toda a tilápia consumida no Brasil tem gosto de barro

Mito. A tilápia é hoje o peixe mais cultivado na piscicultura brasileira em dois sistemas principais: tanques escavados e tanques-rede (gaiolas em reservatórios) e a maioria das empresas adota processos que tiram essa sensação do paladar. Além disso, a tilápia possui uma ótima adaptação ao clima e águas do Brasil, além de apresentar uma carne com sabor suave e muito saudável.

Muito gelo é sinônimo de pescado podre

Mito. Há regiões do Brasil em que o gelo é considerado um sinônimo de má conservação, mas é justamente o contrário. A melhor forma de conservar o peixe fresco é o gelo em escamas, que deve ficar por cima e por baixo do pescado. O ponto de venda precisa respeitar esta máxima e manter o pescado entre -2°C e 0°C. Em casa o consumidor deve fazer o mesmo para fazer o produto durar cerca de 10 a 12 dias.

Peixe congelado pode ser até melhor que o fresco

Verdade. O pescado muitas vezes é capturado ou despescado (retirado dos tanques e viveiros) a uma distância grande do centro consumidor. O congelamento industrial pode retardar o processo de deterioração e levar a data de validade do produto para mais de 1 ano. Para isso, os frigoríficos realizam o congelamento a temperaturas inferiores a -25°C e depois mantêm o pescado em -15°C, processo que dá segurança ao consumo e preserva a integridade das fibras da carne.

É sempre melhor descongelar na geladeira

Verdade. O procedimento é correto ajuda a manter o produto com a textura e o sabor excelentes. A melhor forma fazer isso é deixar o pescado de um dia para o outro na parte de baixo da geladeira em um recipiente específico.

Todas as indústrias colocam água no pescado para ele pesar mais

Mito. As indústrias inscritas no Serviço de Inspeção Federal (SIF) e os importadores sofrem hoje uma rigorosa fiscalização das autoridades sanitárias e a quantidade de fraudes por troca de espécies ou excesso de gelo incorporado caiu nos últimos anos, segundo o próprio Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Peixe cheira mal

Mito. Qualquer pescado em condições de consumo não tem cheiro forte. Nos supermercados e peixarias que respeitam a legislação, não se sente cheiro algum. Em alguns pontos de venda, como feiras livres, a água usada para lavar o pescado cai pelo chão com resíduos que apodrecem, gerando o cheiro de amônia e uréia característico e injustamente atribuído a todos os peixes, crustáceos e moluscos.

Pesca pode ser sustentável

Verdade. O debate sobre a sustentabilidade é hoje uma realidade na cadeia do pescado. A pesca extrativa é vista globalmente como uma ameaça, mas existem inúmeros exemplos de que a atividade pode ser realizada com sustentabilidade, como no caso do Alasca e Noruega. Em ambos os países, pesquisas e análises científicas garantem o cálculo da quantidade de peixes no oceano e o governo emite autorizações para a captura de uma parcela reduzida deste potencial em períodos específicos que não atrapalhem a capacidade de renovação destas espécies. De qualquer forma, os barcos no Brasil são registrados, rastreados, fiscalizados e são autuados caso não sigam normas ambientais para a preservação de espécies ameaçadas.