Proteína na urina da vaca previne alergias e cientistas querem criar “pílula do estábulo”

Pesquisadores austríacos dizem que lipocalina pode ser benéfica para quem a inala com frequência

Cientistas austríacos disseram ter descoberto um dos motivos por que estar perto de vacas faz tão bem aos humanos. Ao coletarem a poeira de estábulos, os pesquisadores detectaram a presença de um nutriente capaz de prevenir alergias.

“Nós achamos que os vermes se movem com dificuldade pelo ar e, portanto, suspeitamos que as proteínas causem o fator protetor”, explica a pesquisadora Erika Jensen-Jarolim, do Instituto de Pesquisa Messerli.

Segundo o estudo, as proteínas se movimentam no ar com mais facilidade, dentre elas, a lipocalina, que está presente no leite da vaca e ajuda a proteger os bovinos de infecções. No entanto, quando a vaca urina, essa proteína tende a se misturar com a poeira do local.

Erika Jensen-Jarolim destaca que as proteínas do grupo da lipocalina são bastante estáveis, o que justifica ainda encontrá-las na poeira dos estábulos após algumas semanas. Por isso, cientistas acreditam que outras proteínas benéficas ao tratamento e prevenção de alergias possam ser descobertas.

“Ao serem inaladas por meio do pó, nos protegem de doenças alérgicas, asma e neurodermatites” (Erika Jensen-Jarolim, pesquisadora)

“Pílula do estábulo”

A proteína presente na excreção da vaca que fica no ar é protegida por um tipo de bolsa que permite transportar ferro e vitaminas. Por isso, quanto mais lipocalina uma pessoa inala respirando ou consome do leite de vaca, mais saudável pode ser. Quanto mais o leite é processado industrialmente, no entanto, mais a bolsa da lipocalina se esvazia.

Segundo os pesquisadores, isso tem relação direta com a saúde animal, pois o feno e o capim são mais benéficos para as vacas, tornando o seu leite mais saudável e, a partir disso, a proteína fica mais abundante ali.

Dessa maneira, acreditam que o leite orgânico tende a proteger mais contra alergias, ao mesmo tempo que pode conter mais micro-organismos patógenos. Por isso, a pesquisadora quer disponibilizar a proteína em comprimidos e trabalha no desenvolvimento de um produto nutricional – a “pílula do estábulo” – que já teve resultados satisfatórios.