Soja no Brasil a R$ 130,00/saca a partir de agosto não é impossível , diz consultor

Entre agosto e setembro deve acontecer o ápice da disputa das indústrias pela soja brasileira. Demanda pelos derivados segue forte tanto para atender o mercado interno quanto as exportações de óleo e farelo

Com uma baixa expressiva do dólar – que encerrou o dia com perda superior a 2% frente ao real – e das cotações na Bolsa de Chicago, o destaque ficou para os prêmios no mercado brasileiro nesta terça-feira (21). Além da queda nas outras duas pontas formadoras de preços, a oferta escassa no Brasil e uma demanda ainda presente é combustível para os ganhos.

No porto de Paranaguá, as principais posições de entrega marcaram altas de até 20%, como foi o caso de julho/20, onde o prêmio encerrou o dia com 120 cents de dólar acima das cotações praticadas na Bolsa de Chicago, agosto e setembro têm 130 e outubro, 135.

Ainda assim, a pressão da combinação dólar + CBOT parece ter sido mais forte e boa parte das praças de comercialização pesquisadas pelo Notícias Agrícolas registraram perdas consideráveis no interior do país, bem como nos portos. As perdas variaram entre 0,50% 3,70%.

No entanto, os preços se mantêm em patamares bastante elevados e acima dos R$ 100,00 por saca em quase todo país. Em Maracaju/MS são R$ 112,00; Primavera do Leste/MT R$ 108,50 e Ponta Grossa, no Paraná, R$ 115,00. No terminal de Rio Grande, mesmo com as perdas, a soja disponível fechou o dia com R$ 112,50 e a da safra nova com R$ 103,50. Em Parananguá, R$ 114,00 e R$ 106,00, nessa ordem.

A combinação de uma demanda interna muito forte – com o bom momento de preços tanto do farelo, quanto do óleo de soja – e exportações ainda registrando números elevados podem consolidar, como explica o sócio-diretor da Cogo Inteligência em Agronegócio, Carlos Cogo, consolidar um cenário de escassez já entre meados de setembro e ao longo de setembro.

Assim, a tendência é de que a disputa pela pouca soja no Brasil vá se acirrando, levando os preços a níveis recordes, podendo chegar aos R$ 130,00. Cogo explica que 2020 é um ano de exportações elevadas não só do grão de soja, mas também do farelo e do óleo brasileiros.

Em todo 2020, o país já embarcou 80,7 milhões de toneladas no complexo soja, frente as pouco mais de 53 milhões do ano passado e com potencial para alcançar também o recorde de 101,5 milhões registrado há dois anos. Somente do grão, são 70 milhões de toneladas de embarque.